Preciso começar me apresentando, mas me apresentar sempre foi algo muito difícil. É difícil resumir quem a gente é em uma frase, mas vou tentar: Meu nome é Vaniele Fior de Castro, sou advogada, servidora pública, mãe e, agora, podcaster.
Muitas escolhas na minha vida foram feitas meio sem pensar, uma delas é a minha profissão. Tinha 17 anos e tinha que escolher o que fazer da vida. Tinha um pezinho na Comunicação Social, mas estava incerta e acabei optando pelo “mais certo”, se é que existe isso. Sabia que tinha o que precisava pra me dar bem na carreira jurídica, embora não soubesse se tinha o principal: afinidade com a matéria. Como saber? Só indo em frente, e eu fui.
Não posso dizer que odeio minha profissão, mas sempre tive aquela “coceirinha” de imaginar como seria se tivesse ido por um caminho diferente, e já senti várias vezes vontade de largar tudo. E aí eu me tornei mãe.
Casar e ter filhos foram as decisões mais certas da minha vida. Não somente no sentido de “acertadas”, mas no sentido de “ter certeza”. E eu achava que ter filhos iria me dar uma acalmada nessa “coceirinha”, achava que eu iria me tornar uma mulher de família, feliz com minha estabilidade no trabalho e pronto, fim.
Foi justamente o contrário disso, e não sei explicar bem o porquê. Acho que depois que a gente tem filhos, a gente passa por uma fase em que a gente é SÓ MÃE. Eu passei por isso nos primeiros meses do meu primeiro filho, e quando eu percebi que eu era muito mais que mãe, eu passei a querer ser TUDO. Aprendi a me ouvir mais, entender o que gosto, o que eu quero, o que me faz feliz.
E desde que meu primeiro filho nasceu, o assunto “maternidade” se tornou uma constante na minha vida. E não sei bem explicar o motivo, mas as pessoas me buscam muito pra conversar sobre isso. Eu amo falar sobre a maternidade, e busco dia a dia me livrar de julgamentos, algo bem desafiador. Tenho muitas amigas mães e gosto muito de ouvir e compartilhar experiências. Sempre ouvi uma vozinha no meu inconsciente me pedindo para produzir conteúdo sobre esse tema, mas fui relutante desde o início, justamente por achar que falar de maternidade iria me dar a roupa eterna de MÃE, como se eu fosse só isso.
Ao mesmo tempo em que eu pensava que eu queria fazer alguma coisa diferente na minha vida, um hobby passou a tomar cada vez mais o meu tempo: em qualquer minutinho que eu tinha disponível, eu estava sempre ouvindo um podcast. Lavando louça, correndo, no carro, na academia... eu ouvia podcasts sobre tudo, de vários estilos diferentes, e me tornei a louca do podcast.
Pensei: “Cara, já pensou se eu consigo ganhar dinheiro fazendo o que eu mais gosto de fazer nessa vida? FALAR!”.
As coisas realmente acontecem do jeito que têm que acontecer, e um casal de amigos abriu a primeira produtora de podcasts de Mato Grosso. E aquela vozinha continuava me falando “por que você não faz um podcast sobre maternidade?”. Mas eu sacudia e mandava a voz embora.
Um dia, conversando com minha mãe e meu marido, que sempre me incentivaram a ir em frente, eu cheguei à conclusão de que não dava mais pra fugir disso. E foi exatamente nesse dia que o amigo da produtora de podcasts me ligou perguntando se eu toparia fazer um podcast sobre maternidade! É claro que eu topei!
E assim nasceu o “Cadê a Mãe Dessa Criança?”.
Desde então, tem sido uma experiência muito gratificante. Entrei em contato com pessoas maravilhosas, e, por incrível que pareça, tenho ouvido muito mais do que falado.
Tem sido muito desafiador também. Eu não ganho nada com o podcast. Na verdade, tenho alguns gastos com a produção, precisei comprar alguns equipamentos, e toma muita parte do meu tempo. Embora os episódios sejam curtos, eu tenho bastante trabalho na produção do roteiro, converso muito com outras mães, colho depoimentos, edito esses depoimentos para poder enviar o episódio o mais completo possível para a produtora fazer a edição final e colocar trilha e efeitos sonoros.
Nesses tempos de quarentena, senti a necessidade de mudar a programação do podcast e incluir assuntos atuais, então nos últimos dias falamos muito sobre os assuntos referentes à quarentena e homeschooling. Percebi que não dá pra ser engessado, muitos assuntos vão surgindo e se tornando mais urgentes que outros.
Percebi também que preciso constantemente me despir da necessidade de parecer uma “mãe modelo”. Não sou. E é justamente isso que me trouxe a vontade de fazer o podcast: Ser uma mãe real conversando com mães reais sobre situações reais, sem julgamentos e maquiagem. Não é fácil, todas nós sabemos. Tem dias que a gente consegue lidar com os desafios da maternidade com leveza, mas tem dias que dá vontade de sair correndo.
E justamente em uma semana particularmente difícil dessa quarentena, em que eu me questiono se está valendo a pena manter o podcast, em que eu não estou conseguindo entregar as coisas no prazo, em que o homeschooling está consumindo minhas energias, eu recebo o convite da Mamãe Rarara pra falar sobre esse assunto. Pensei até em desistir, tanto do convite quanto do meu podcast, porque achava que se eu não estivesse bem, não teria condições de falar com outras mães de forma positiva.
Acontece que a maternidade nem sempre é leve, nem sempre é positiva. E é preciso falar disso também. Então, com mais um aprendizado pro bolso, eu agradeço muito a oportunidade de poder contar a história desse projeto que me faz tão bem! É a primeira vez que conto a história dele, e isso me deu mais vontade de continuar!
Ouçam! Mandem-me suas histórias, sugestões de pauta, feedbacks, e se achar que pode ajudar alguém, divulguem! Beijos!
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