A “birra” é um mito!
Quando falamos em birra associamos o comportamento da criança a alguma intencionalidade, (normalmente destrutiva ou desrespeitosa para com os pais) quando na verdade não existe essa intencionalidade, o que existe é um descontrole emocional da criança frente a uma situação (normalmente de frustração, raiva ou medo) que, sem a maturidade neuronal suficiente para lidar com isso, ela expressa tal emoção através do corpo e essa expressão corporal vai ser na mesma intensidade que a emoção instalada na criança.
Quando uma criança saí do seu eixo emocional ela precisa dar expressão a essa emoção (assim como nós adultos), entretanto ela esta em desenvolvimento, seu sistema neuronal não é completo e nós não nascemos com a capacidade de lidar com nossas emoções de uma forma saudável, apenas temos o instinto, primitivo de fuga e proteção, então a criança com seu pouco desenvolvimento, sem capacidade neuronal de verbalização, ativa essa “primitividade” e se expressa pelo corpo, pelo choro.
Nestes momentos de instabilidade da criança o mais essencial é que os cuidadores tenham esse distanciamento de entender que não é pessoal, a criança não está intencionalmente querendo te fazer passar vergonha, entender que tal comportamento faz parte do desenvolvimento da criança que é um processo natural, torna mais fácil de lidar com tais comportamentos, pois é natural que quando a criança apresente raiva nós acessemos nossa raiva de criança também e isso nos desestabiliza, queremos que ela volte ao seu estado normal logo para voltarmos ao nosso também, assim dizemos qualquer coisa ou punimos a expressão, o que pode ser prejudicial para o desenvolvimento da criança, tendo tal consciência fica mais fácil de lidar com ambas as emoções.
Então o que fazer diante dessa expressão de raiva?
É dar recursos para essa expressão, quanto menor a criança mais corporal será a expressão, a partir dos 4 anos já começa a tornar-se um pouco mais verbal. Se estiver em casa pode dar um travesseiro para ela gritar, deixar que ela corra, estoure bexigas, entre outras coisas para que ela consiga se acalmar. O colo, o abraço, é um recurso de extrema importância e muito eficaz.
Valide a emoção, diga a ela que tudo bem estar chateada, mas que essas são as regras e que ela não pode ter o que quer naquele momento.
Mapeie o ambiente, situações e rotina para evitar momentos de stress, ou quando não for possível a retirada criar uma estratégia de enfrentamento. Por exemplo, se é necessário para você ir a algum lugar próximo ao horário da criança dormir é muito provável que ela se desestabilize em algum momento pelo cansaço, então precisará criar uma estratégia para lidar com isso se for necessário, ou mudar o compromisso.
Mantenha a calma e siga em frente!
Por: Talita Silva - Psicóloga Infantil.
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